Durou mais de 15 horas o julgamento de Rozalba Maria Grime, 28 anos, que restou condenada pela morte da professora Flavia Godinho, em crime que chocou Santa Catarina e o Brasil.
Tribunal Popular do Júri decidiu, de maneira unânime já no final da noite desta quarta-feira (24), a condenação de Rozalba Maria Grime por homicídio com cinco qualificadoras contra a mãe, além de homicídio qualificado tentado contra o bebê, na ocasião, com 36 semanas no ventre da mãe. Além disso, ela também deverá cumprir pena por mais quatro crimes relacionados aos dois homicídios.
As penas, dessa forma, somam 56 anos e 10 meses de prisão em regime inicial fechado, mais oito meses de detenção.
A ré pode recorrer da sentença, mas não em liberdade, pois já cumpre prisão preventiva pelos crimes e os motivos que levaram a essa medida continuam presentes, conforme determinou o juiz José Adilson Bittencourt Júnior.
O julgamento que durou 15 horas e foi realizado na Câmara de Vereadores de Tijucas teve como resultado a denúncia integral do MPSC (Ministério Público de Santa Catarina).
Após o julgamento, o promotor de Justiça Alexandre Carrinho Muniz, que atuou em colaboração como integrante do GEJURI (Grupo Especial de Atuação do Tribunal do Júri) do MPSC, comentou a decisão dos jurados, que seguiram o entendimento do Ministério Público e consideraram a ré como plenamente consciente de seus atos e, por isso, mentalmente apta a pagar pelos crimes na Justiça:
“É o resultado de um trabalho que o Ministério Público fez, em conjunto com a Polícia Civil, em que nós conseguimos demonstrar não só a questão da materialidade e da autoria, que me pareceu bastante incontroversa, mas também de identificar – até por parte do IGP que fez um excelente trabalho na confecção do laudo de sanidade mental – que ela tinha plena capacidade entender o caráter ilícito dos fatos e também de ter controle sobre seus atos”, comentou.
O crime
Rozalba Maria Grime, de 26 anos, assassina confessa da grávida que foi morta e teve seu bebê roubado em Canelinha, Santa Catarina, contou à polícia sobre como atraiu e tirou a vida da vítima no dia do crime. Parte do vídeo do depoimento, prestado no dia 28 de agosto, foi obtido pelo jornal catarinense ND+ e mostra uma mulher que conta calmamente como matou a amiga grávida, cortou a barriga dela com um estilete e tirou a criança. Em nenhum momento Rozalba demonstra emoção ou arrependimento, pelo contrário, fala com frieza aos policiais.
“Bati com o tijolo na cabeça dela, na segunda tijolada ela perdeu a consciência. […] Eu cortei a barriga, fui cortando devagarzinho ali, queria o bebê. Não olhei se ela se debatia”, disse tranquilamente.
Indagada sobre quando começou a premeditar o crime, Rozalba explica que foi em janeiro deste ano, assim que perdeu o bebê que estava esperando. Conforme seu relato, ela não teve coragem de contar aos familiares sobre o aborto espontâneo e escolheu a vítima porque percebeu que tempo de gravidez das duas era quase o mesmo.
“Comecei a pensar [no crime], mas pensei que não iria ter coragem, pensei que iria chegar o mês [de nascimento] e eu teria coragem de contar que tinha perdida, mas não tive coragem”, declarou.
Fonte: ND+